top of page
Março 2017

Matéria Cultural I

Rogério Dantas, Caicó - RN

Gustavo Dourado, Brasília - DF

Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Para reunir os expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em 1988 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.

Fonte: Wikipedia

O PODER DA RAÇA NEGRA

Rogério Dantas Nonato

Caicó - RN

 

Faço o uso das palavras

E contarei em poesia

A história dum belo povo

Que já foi mercadoria

Trazido em grandes navios

Não temendo os desafios

Lutaram dia após dia

 

Os negros vêm ao Brasil

Nos tempos coloniais

Escravos dos portugueses

Tratados como animais

Pelos trabalhos forçados

Sofrendo e desrespeitados

Por atos descomunais

 

Uma viagem precária

Um tremendo desalinho

Em condições desumanas

Muitas mortes no caminho

Corpos jogados ao mar

Sem a ninguém respeitar

Sem sentimento e carinho

 

Viventes amontoados

Tantas contaminações

Eram crianças e adultos

Sem menores condições

Os oceanos cortaram

Ao nosso país chegaram

Nas grandes embarcações

 

Brutalmente conduzidos

Pelos navios negreiros

Naquelas embarcações

Ocupando os cativeiros

Nos porões eram jogados

No Brasil eram trocados

A gosto dos fazendeiros

 

O açúcar estava em alta

E a mão de obra barata

Os negros escravizados

O seu valor era em prata

Forçados a trabalhar

Nos engenhos do lugar

Vivendo essa sina ingrata

 

Foi a força principal

Pra mover a economia

Fazendo o trabalho árduo

Assim que o dia surgia

Conduzindo a agricultura

No chicote e na tortura

Ritual do dia-a-dia

 

Por causa desses maus tratos

Má qualidade de vida

Alguns escravos fugiam

Em ocasião surgida

E sem olhar para trás

Fugindo do capataz

Sem pensar em despedida

 

Cicatriz por todo o corpo

Com forte peso em seus ombros

Estrutura o movimento

Pra fugir da dor, dos tombos

Sociedade clandestina

Pra mudar a triste sina

A criação de quilombos

 

As aldeias abrigavam

Esses negros fugitivos

Formando os aglomerados

Oferecendo incentivos

Discutindo o social

Lutando pelo ideal

E espaços produtivos

 

Os quilombos ocupavam

Locais de difícil acesso

Sendo um bom esconderijo

Tinham o restrito ingresso

Também foram garantias

E seguras moradias

Pra se chegar ao sucesso

 

Importantes vilarejos

Para os povos clandestinos

Nesses lugares viviam

Mulheres, homens, meninos

Fugindo da escravidão

Pregando a paz e união

Juntando muitos destinos

 

Teve um poderoso homem

Negro forte e afamado

Um líder bem corajoso

Por seu povo respeitado

Nunca fugia da luta

Mostrava boa conduta

Era sempre preparado

 

Tinha o nome de Francisco

Era Zumbi dos palmares

Sobrinho de Ganga Zumba

Ousou enfrentar milhares

Guerreiro e batalhador

Um valente defensor

Dos humildes nos seus lares

 

Sessenta anos de luta

E com muita paciência

Viveu Zumbi dos palmares

Foi herói na resistência

O tempo todo lutando

O seu povo exaltando

Com devida providência

 

Defendendo o povo negro

Zumbi foi um precursor

Com incansável bravura

Mostrando o forte valor

Um grito de liberdade

Com total seriedade

Foi um grande lutador

 

Muitas canções foram feitas

Como forma de exaltar

Edson Gomes compôs

Um reggae bom pra dançar

Engenheiros - Negro Amor

Todas feitas com louvor

Para zumbi destacar

 

Quem pertence à raça negra

Tem razão de agradecer

Muitos passos foram dados

Para o negro enaltecer

Já mais será esquecido

Seu lugar é garantido

Para o eterno viver

 

Entre as datas e registros

Do começo eu bem falei

Claro que eu não disse tudo

Pequena parte eu citei

Em resumo hei de falar

E claramente contar

O que dos negros eu sei

 

E assim peço licença

Pra falar da negritude

Em um tom de honestidade

Fazer rimas com atitude

E nos versos da poesia

Transmitir só alegria

Com inspiração e virtude

 

Na história desse mundo

O negro faz o reparte

Aprendendo e ensinando

Os passos de sua arte

Com magia abrilhantando

Seu espaço conquistando

Deixando o racismo aparte

 

O negro é muito robusto

Sempre lutou pela paz

Nelson Mandela foi um

Levantando o seu cartaz

Tantos anos na prisão

Reagiu com precisão

Na missão foi eficaz

 

Alguns nomes relevantes

Faço questão de expressar

Não posso mencionar todos

Impossível detalhar

Porém, reviro a memória

E dos anais da história

Nesse cordel vou falar

 

O negro faz o sucesso

Revelando o seu talento

No futebol ou na música

Tem o reconhecimento

Muito bem sabe expressar

E não deixa a desejar

Ao mostrar o seu intento

 

Na arte do futebol

Revelou o rei Pelé

Sua cor não o impediu

De sonhar, nem de ter fé

Fez história pelo mundo

Seu talento foi profundo

Levando a bola no pé

 

Falo noutro astro negro

Do futebol mundial

O grande Didier Drogba

Esse é sensacional

Ainda tem o Robinho

Veterano Ronaldinho

Esse time é genial

 

Já nas pistas de corrida

Destaque pra o corredor

‘The flash’ do momento

De força superior

‘Zembolt’ - negro ligeiro

Mostrando ser o primeiro

Um atleta vencedor

 

Muitos negros pelo o mundo

Ganharam fama de artistas

Glória Maria é uma

Entre tantas jornalistas

No esporte Abel Neto

Um jornalista completo

Todos bons idealistas

 

Geralmente, hoje o negro

Está bem representado

Anderson Silva nas lutas

Por muitos é ovacionado

Lázaro Ramos - ator

Taís Araújo -a flor

Deixando o povo encantado

 

Volto a falar de música

Pra mim é sensacional

Minha alegria transborda

Fico firme em alto astral

Ela que os males espanta

A nossa alma encanta

De uma forma sem igual

 

O maior cantor de Reggae

Bob Marley estrelou

Da Jamaica para o mundo

Muito bem representou

A defender a pobreza

Mandou embora a tristeza

A alegria cantou

 

Somos bem representados

Aqui no nosso Brasil

Djavan e Arlindo Cruz

Negra Li, Gilberto Gil

Também Marcelo Falcão

No forró o Gonzagão

Retrata o melhor perfil

 

Rei do pop mundial

Arrastava multidões

Michael Jackson grande astro

Enlouqueceu corações

Muito bom quando cantando

Também dava show dançando

Proporcionando emoções

 

Com a guitarra nas mãos

São formidáveis artistas

Slash e Jimi Hendrix

São os reis dos reis solistas

B.B. King – solo belo

Magnifico Tom Morello

Músicos mais que otimistas

 

Ser negro não é defeito

Nem muito menos pecado

Vamos deixar para trás

Esse pensamento errado

Cor não mede inteligência

Não jugue pela aparência

Deixeo erro no passado

 

Em todas as profissões

Tem sempre um negro atuando

Decidido no que faz

Muitas vezes ensinando

Quebrando fortes barreiras

Achando tantas maneiras

E a sua força afirmando

 

Bem antes de ser racista

Pare e pense muito bem

Que ao povo de cor escura

Você pertence também

Não tem para onde correr

E nem mesmo se esconder

Negro em sua prole tem

 

A minha avó era negra

De nome Dona Cristal

Lembro bem de minha infância

Foi um tempo bem legal

Sua cor não importava

Era escura e eu amava

O seu jeito especial

 

Precisamos acabar

Com esse tal de racismo

Julgar pela a cor da pele

É burrada e fanatismo

Acabou a escravidão

Não à discriminação

Deixe de lado o cinismo

 

Sou suspeito pra falar

Pois adoro uma pretinha

Nada contra mulher branca

Mas prefiro uma escurinha

Com cabelo cacheado

Fico logo apaixonado

O poeta perde a linha

 

Deixemos, pois, sem demora

O preconceito de lado

Pois convivemos no mundo

Preto, branco e misturado

Não viva em função de cor

Celebremos o amor

Fica aqui o aprendizado

 

Não seja nunca racista

Pare para analisar

Veja um país gigantesco

Tem um negro a liderar

São os Estados Unidos

De povos bem conduzidos

E um afro-negro a brilhar

 

Foi o primeiro da América

Tem o seu nome na história

Chegando ao posto na raça

Com expressiva vitória

Importante presidente

A mostrar pra muita gente

Que o negro também tem glória

 

Obama é carismático

Líder forte no poder

Não deixou a desejar

Fez o que pode fazer

A todos não agradou

Mas competência mostrou

Comprido com seu dever

 

Das senzalas do passado

Aos rumos da evolução

Uma raiz cultural

Promove a transformação

Da triste sina de escravos

Minimizando os agravos

Lutam por libertação

 

Enalteço com carinho

Sem temer a embaraço

A força do povo negro

Na rima, verso e compasso

Cumprindo assim meu papel

Para findar o cordel

Deixo um carinhoso abraço

 

Fim!

MANOEL DE BARROS
Gustavo Dourado

Brasília - DF

Beco da Marinha, Cuiabá
O local de nascimento
Ruelas, garimpos, águas
Dimensidão do firmamento
Bichos, pedras e lagartos
Natureza em movimento

1916:
19 de dezembro
Nascimento de Manoel
Do poeta que relembro
Em 2014 faleceu
Dia 13 de novembro

Poeta mato-grossense
Por natureza cuiabano
Foi viver em Corumbá
Com a idade de um ano
Campo Grande, tempo menino
Recebe o poeta-arcano

Venda, fazenda de gado
Bois, cavalos, humanimais
Garças, rãs, aves e flores
Árvores monumentais
Garças, antas, capivaras
Onças e os marruais

Manoel de Barros no mato
Nos currais com os pés no chão
Pisava em bosta de boi
Nequinho em evolução 
Lia os livros da terra
Água em evaporação

Manuel Wenceslau Leite de Barros
Barro e leite em formação
Cuiabá, Corumbá, Campo Grande
Terreiros de iniciação
Rio de Janeiro no caminho
Leitura e informação

Estudou em Campo Grande
10 anos no internato
Temperamento rebelde
Um crítico intimorato
Contra os Sermões de Vieira
Fez um protesto de fato

Disciplina do internato
Na escrita a rebeldia
Clássicos da literatura
Os mestres da poesia
Pintura, arte, cinema
Despertam a filosofia

Início como prosador
Desde os 13 escreveu
Aos 19 anos de idade
Na poesia se inscreveu
Tece o primeiro poema
Prosa e verso empreendeu

Com leituras de Rimbaud
Foi bem influenciado
Na juventude comunista
Militante de alto brado
Pichou “Viva o Comunismo”
Em monumento do estado

“Nossa Senhora de Minha Escuridão”
Manuscrito elaborado
Levado por policiais
O texto foi censurado
O livro de Manoel
Pelo poder expropriado

“Poemas concebidos sem pecado”
Um livro artesanal
Primeiro livro editado
Na capital federal
No Rio de Janeiro
O começo literal

1937:
Primeira publicação
Apenas 20 exemplares
Em uma única edição
Patrocinado por amigos
Teve boa aceitação

Olga Benário foi presa
Pelo regime getulista
Manoel de Barros criticou
O ato do comunista
Prestes apoiou Vargas
Ação que não foi bem vista

Poeta questionador
Manifesta o menestrel
Critica Getúlio Vargas
Por atitude cruel
A aliança com Hitler
Foi amargo como fel

1941:
O ano da formatura
Fez o curso de Direito
Apreço à literatura
Depois foi pro Pantanal
Cuidar de sua escritura

Antônio Vieira e Rimbaud
Marx e o comunismo
Crítica ao Partidão
À infâmia do nazismo
Perseguido por Getúlio
Vítima do stalinismo

Manoel perdeu o rumo
Ficou decepcionado
Abandona a militância
Percebeu um outro lado
Na Bolívia e no Peru
Novo tempo, outro brado

Viagem para Nova Iorque
Residente por um ano
No Museu de Arte Moderna
A arte em primeiro plano
Estudou pintura e cinema 
Pulsou o poeta arcano

Retornou a Mato Grosso
Adentrou-se ao Pantanal
Fixa-se em Campo Grande
Cria gado ao natural
Fazendeiro da poesia
Poeta fenomenal

1942:
"A Face Imóvel" publicou
O pantanal como tema
No abstrato se inspirou
Olho, tato, ouvido, cheiro
O seu jeito impregnou

Do casamento com Stella:
Os filhos Pedro, Marta e João
Do seu “Livro das pré-coisas”
Marta fez ilustração
Bela arte para a capa
Da segunda edição

Já nos anos sessenta
Alguns prêmios conquistou
Desconhecido do público
Por um bom tempo ficou
Aos poucos foi descoberto
Seu nome se projetou

Millôr Fernandes divulga
De Manuel a poesia
Idos dos anos 80
Novo tempo se anuncia
Conquista alguns prêmios
Ao sucesso prenuncia

“O Guardador de Rebanhos”
Torna-se livro premiado
Recebe um “Jabuti”
Um prêmio bem destacado
Manoel tem seu trabalho
Pela imprensa divulgado

Macunaíma, Mário de Andrade
Uma grande influência
Vanguardismo europeu
Na verve da consciência
Oralidade brasileira
Na arte da confluência

Destacado por Houaiss
Por Drummond reconhecido
A natureza e o cosmos
Inspiram o seu sentido
Neologismo e invenção
Em seu verso atrevido

Poeta pós-modernista
Expressa o primitivismo
Leitura de Mário e Oswald
Os líderes do modernismo
Natureza em sua arte
Para além do paisagismo

Manoel da natureza
Poeta da humildade
São Francisco no olhar
Arte e naturalidade
O cosmo e a linguagem
Em sua vivacidade

Presença do onirismo
Sintaxe da oralitura
Pluralidade coloquial
Em versos que é pintura
Oralidade marcante
Sob o léxico da natura

Reconfiguração do ser
O pensame manoelino
Desracionaliza a gente
Nos ressurge o silibrino
Desautomatiza o olhar
Faz da noite um matutino

Palavras em formação
Brota o neologismo
Aproxima a natureza
Com o nosso humanismo
Vanguardista primitivo
Vai do pântano ao abismo

Supera as dicotomias
Foge do artificial
Pulga, sapo, peixe, cobra
A paisagem natural
O ser humano sem nós
Aguar, céus, luz, vegetal

A expressão do ambíguo
Vida em instabilidade
Estilística do simples
Viva multiplicidade
Multiversa a poesia
Pulsa universalidade

Compêndio para uso dos Pássaros
Gramática expositiva do chão
“Matéria de Poesia”, “Arranjos para assobio”
“Poesias” de alta elaboração
Livro de pré-coisas e outros mais
Manoel em profusão

“Concerto a céu aberto para solo de aves”
“Poesia quase toda”, “Livro sobre Nada”
“Para encontrar o azul eu uso pássaros”
“O fazedor do amanhecer”, luz-madrugada
“O livro das ignorãcas”, “Poemas Rupestres”
“Exercícios de ser criança”, a bela jornada

“Das Buch der Unwissenheiten”
“Riba del dessemblat”, antologia
Memórias inventadas I, II, III e IV
“Águas” que umedecem a poesia
"Tratado geral das grandezas do ínfimo"
A natura foi sua tecnologia

“Encantador de Palavras”, “Menino do Mato”
“Ensaios fotográficos”, “Poesia completa”
“Todo lo que no invento es falso”
Manoel nos faz a festa
“Cantigas para um passarinho à toa”
O canto da natureza nos desperta

“Memórias inventadas para crianças”
“Poeminhas pescados numa fala de João”
“Meu quintal é maior que o mundo”
Nossa infância marca o coração
“Poeminha em língua de brincar”
É vida em transmutação

“Escritos em verbal de ave”, “A Turma”
Livros infantis em coleção
“As infâncias de Manoel de Barros”
Criança em manifestação
Primeira/Segunda/Terceira infância
Ser criança é ser canção

Portal de Pedro Viana e outros livros
Poesia, prosa, infanto-juvenil
Seletas, antologias poéticas
De um coração varonil
Narrativas antropológicas
E o amor pelo Brasil

Apreciava a pintura
Miró, Picasso, Chagall
A Serra do Roncador
Natureza no quintal
Chapada dos Guimarães
As águas do Pantanal

No caminho das origens
Sentimento de aldeia
Criançagem em palavreio
Primitivivo na teia
Índios, rios, árvorestrelas
Rios que escorrem na veia

Muitos prêmios conquistou
Dois Jabutis de poesia
Ganhou dois prêmios Nestlé
De alta categoria
Biblioteca Nacional e Minc
Méritos à fantasia

“Gramática Expositiva do Chão”
Prêmio da Fundação Cultural
Reconhecimento da obra
No Distrito Federal
Na cidade de Brasília
Um momento fulgural

Prêmio Jacaré de Prata
Melhor escritor do ano
Em 1990:
Um poeta soberano
Em Mato Grosso do Sul
Manoel em alto plano

Prêmio Orlando Dantas – Diário de Notícias
Prêmio Nacional de Poesia
Prêmio Alfonso Guimarães
Obra de carpintaria
Prêmio Nacional de Literatura
Ao bom talento se premia

Prêmio dos Críticos de Arte - APCA
ABL - Prêmio da Academia
Manuel é referência
Em matéria de poesia
Artesão da escritura
Poeta luz da alquimia

Fellini, Kurosawa, Buñuel
Os poetas da imagem
Gostava de Jim Jarmusch
De pessoa em “Mensagem”
Glauber e Guimarães Rosa
Viajantes da linguagem

Em Klee, Braque e Van Gogh
O sentido da liberdade
Lia a Bíblia e dicionários
Gostava da pluralidade
Encantava-se com Chaplin
Sem a linearidade

O escritor João Antônio
Em Manoel viu estampido
Para Millôr, apogeu do chão
Por Houaiss ele foi lido
Para Rosa, um “doce de coco”
Das águas flui seu bramido

O cheiro do sol no arco-íris
Lagartixa e sapoal
Lesmas, rãs e caramujos
Mistério do vegetal
As formigas, as aranhas
Os jacarés do Pantanal

Retrata os andarilhos
Os loucos e vagabundos
Os malucos da estrada
Que vagueiam pelos mundos
Os desligados do sistema
Com os seus sonhos profundos

Plasma o verso em suas veias
O linguajar cotidiano
A simplicidade da vida
O abstrato em seu plano
Surrealismo aparente
As minudências do humano...

Copyright  ©2017| PORTAL SINESTESIA Todos os direitos reservados.
  • Facebook Social Icon
  • Instagram Social Icon
bottom of page