
Difícil encontrar alguém que não curta quadrinhos.
Frederico Fellini, famoso diretor de cinema, os lia com frequência. Quadrinhos incentivam o amor pela leitura e são importantíssimos na formação de um leitor. Em abril de 2015, nosso entrevistado de março esteve presente em uma de nossas edições (link no final da entrevista).
Mal sabia ele que, em menos de dois anos, ganharia um prêmio nacional.
Estamos falando de Eberton Ferreira, quadrinista gonçalense,
que desde os oitos anos de idade, já produzia seus próprios fanzines. Confira!
Março - 2017
ARTISTA EM FOCO



1. Eberton, há dois anos você nos concedeu uma entrevista, falando do seu empenho em realizar um sonho de menino, com muita paixão e determinação. Alguma coisa mudou de lá pra cá?
- Na verdade só intensificou. Tenho obtido êxito em aumentar o meu público que a cada evento vêm adquirindo os quadrinhos que produzo. O contato direto com os leitores e as facilidades que as redes sociais proporcionam têm possibilitado um feedback mais dinâmico e isso acaba motivando ainda mais a continuar confeccionando as HQs. Ainda mais com o reconhecimento do meu trabalho através da premiação que a ABRAHQ (Academia Brasileira de Histórias em Quadrinhos) me concedeu agora no final de janeiro por melhor roteiro pelo segundo volume da série Causos – A Bruxa da Floresta.
2. Na época, você tinha uma ideia sobre os quadrinhos nacionais, afirmando que as portas estavam abertas e que o caminho dos quadrinistas nacionais seria consolidado. Você ainda pensa da mesma forma?
- O mercado ainda está muito restrito, mas as mídias estão, aos poucos, falando cada vez mais sobre o universo geek que voltou a ser moda e isso é muito bom! Nunca houve tantos eventos acontecendo ao mesmo tempo e as portas que antes eram mais estreitas agora estão se abrindo mais. O caminho é esse, agora depende dos artistas aproveitarem o momento para ajudar a com solidar esse cenário. Eu tenho feito a minha parte participando de eventos praticamente odos os fins de semana em todo o Grande Rio, Baixada e quando tem também nas cidades de Niterói e São Gonçalo.
3. Ainda não há editoras dispostas a investir nessa categoria?
- O quadrinista independente ainda é carente de apoio de editoras e acaba tendo, em sua maioria, que produzir seus materiais arcando com os custos tirando do próprio bolso. Mas acredito que em breve esse cenário irá mudar para melhor e as portas das editoras pequenas que estão crescendo rapidamente junto com os artistas irão se abrir.
4. Qual a maior dificuldade que você ainda encontra para produzir seus fanzines?
- Existem várias dificuldades. Uma delas é o fato de o artista não viver da sua arte e não poder se dedicar completamente à ela, dividindo-se entre um ou mais empregos que sustentam o lar e ainda ter que produzir os quadrinhos, participar de eventos para vender seus materiais e formar público e ainda estar presente no seio familiar. É “se virar nos trinta” mesmo! Mas sem dúvida o ato da impressão é a nossa maior dificuldade, pois o custeio é muito caro e para se obter um material de qualidade, o quadrinista precisa recorrer a financiamentos coletivos, pré-vendas ou, em último caso, bancar as impressões.
5. Recentemente, você ganhou um prêmio nacional. O 2º Prêmio ABRAHQ, realizado pela Academia Brasileira de História em Quadrinhos, rendeu à você o título de melhor roteiro de 2016. Como foi essa conquista e como você está se sentindo agora, sendo chamado para conceder várias entrevistas, não só para jornais da sua cidade, mas além, tendo em vista que agora você será reconhecido nacionalmente, na categoria?
- É uma sensação de satisfação muito grande quando temos um trabalho reconhecido e nacionalmente divulgado. Isso é muito importante para o crescimento do cenário. A premiação foi uma noite de glamour, de felicidade onde tudo pelo qual luto diariamente para acontecer, se concretizou.
6. O que esse prêmio representa para os quadrinistas brasileiros?
- É um prêmio recente e que contém potencial para continuar apoiando os artistas que voltam seus trabalhos para a nona arte.
7. Marvel ou DC?
- Curto muito as revistas estrangeiras e cresci as lendo. Mas sem demagogia, não prefiro nem um nem outro. Atualmente leio somente quadrinhos nacionais.
8. Você pode nos falar um pouco dos seus projetos futuros?
- Trabalho atualmente em três séries às quais as sequências já estão sendo produzidas: A premiada “Causos” onde faço releituras das origens do nosso folclore usando a história do Brasil colonial como tema; A saga do meu super-herói “Xamã” e a série de terror trash “A Rede da Carne”. Os leitores podem ficar atentos para os devidos lançamentos ainda em 2017.
9. Qual mensagem você gostaria de passar para os leitores da Sinestesia?
- Apoiem a nossa cultura. Não digo para deixar de ler ou assistir materiais estrangeiros, somente para voltar seus olhares para as nossas raízes. Temos muita coisa boa para mostrar, muita história para contar, mas precisamos de leitores ávidos por conhecimento do que existe aqui, nas terras brasilis!

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