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Poesias são fragmentos da alma dos que as escrevem.

Aceite o convite para conhecer alguns.

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EU TENHO UM SONHO

Eu tenho um sonho 
De escrever está mensagem e ser ouvido 
Dar um bom exemplo na sociedade e ser seguido 
Best-seller da poesia e ser sugerido 
Passear por toda literatura e ser reconhecido 
E esperar a coroação no tempo que me é devido. 

Eu tenho um sonho 
Com a minha escrita tocar o teu outro lado 
Deixar sempre boa mensagem como recado 
No universo da escrita ser venerado 
Compor um livro num cruzeiro com toda família ao lado 
E ganhar o prêmio Nobel porque sonhar não é pecado. 

Eu tenho um sonho 
Ajudar milhares de pessoas com o meu conhecimento 
O sorriso do menino carente será o meu reconhecimento 
Ajudar o próximo sem esperar qualquer agradecimento 
Ter a minha fundação sem receber qualquer pagamento. 

Eu tenho um sonho. 

Stenio Claudio

Luanda - Angola

SIMPLES

Com você não precisa de clima
Nós somos o clima
Não precisa luz baixa
Música ambiente
Velas ou vinho

Com você não precisa de nada
Nos basta
Eu, você e vontade
Fica a vontade
Em mim
Sinta-se em casa
Sinta-me
Faz eu te sentir

Com você não precisamos de nada
Pois te quero a todo tempo
O seu toque já me acorda
A sua voz já me molha
O seu cheiro já entontece
Seu carinho me estremece

Não precisa fazer nada
E já te quero aqui
Agora
Te quero sempre

Sempre que te vejo
Sempre que te penso
Sempre que te peço
Sempre que me pedes
Sempre que me chamas

Chamas
Nós somos chamas
Carburamos sem isqueiro
Sem medo
Te engulo que nem fumaça
E te prendo em mim

Com você não preciso de nada
Você já faz minha cabeça
Minha mente
Meu corpo
Me faz toda
Te faço todo
É sem precisão de mais nada
Pois somos precisos no que somos.


Suelen Vieira

Brasília - DF

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RÊ, MORTA

Disseram-lhe que era querida,
Alguém de quem não podiam desapegar.
Disseram aos outros que esta menina
Tinha um lar.
 
Deram-lhe um nome,
Alguma comida, um "cado" de afagos.
Disseram que sua presença, embora fortuita,
Era apreciada.
 
Fizeram questão de tomá-la como própria
Enquanto flertavam com sua possível partida.
Divertiam-se com suas estripulias,
Pouco se importam com suas feridas.
 
Um dia, num tropeço da vida,
Rê foi ao chão.
E o chão consumiu suas forças
Durante o tempo que observava seu corpo.
 
Quem lhe disse "querida" passou ao seu lado.
Olhos de compaixão fingida lhe lançaram.
Jogaram-lhe uns comprimidos goela adentro
Não vigiaram seu lamento.
 
Sua curta existência expirou em dor.
Não viu na vida o que outros lhe disseram,
O afeto que lhe dedicavam
Servia-a apenas nos bons dias.
Não havia amor suficiente
Para cuidar de um bicho quebrado.
 
Seu corpo duro foi carregado no dia seguinte.
Uma evasiva limpou a consciência
De quem nem havia deixado-a se sujar.
No trajeto os risos ressoaram
Como se fossem parte de uma banalidade qualquer.
 
A carcaça foi descartada, o sangue lavado.
E a dor findou na flor carente
Que confiou naquela gente
O seu ser. 

Tamires Vargas 
Rio de Janeiro - RJ

O GORDO GATO PERSA


Numa noite de estrelas cintilando,

Corria eu ao som de um vento brando,

Esquecendo o passado que ali me trouxe.

Tomado por um pesadelo forte

E dominado pela voz da morte,

Só corri, fosse para onde fosse.

 

Parei instantes depois numa casa

Onde a riqueza parecia escassa

E o número de visitantes também.

O primeiro convidado do mês

Era eu, na casa daqueles três

Que me pareciam gente de bem.

 

Havia um homem e duas mulheres,

Uma família de três gentis seres,

Alimentando um gordo gato persa.

Permitiram-me a entrada, sorrindo,

E eu, está bem visto, entrei e fui subindo

Para num quarto dormir uma sesta.

 

Admito que adormeci de bom grado

Pois estava imensamente desgastado

Dos pensamentos que me atormentavam.

Rapidamente os olhos se cerraram

E nesse profundo sono morreram

Os factos que muito me incomodavam.

 

Mas nem tudo foi como desejado.

Cada moeda tem sempre outro lado:

O bom e o outro pior que o primeiro.

Isto porque caí em pesadelos,

E tomara que eu pudesse esquecê-los,

Aquelas visões de horror verdadeiro.

 

Sonhei com monstros de pelo encrespado

E nessa noite acordei sobressaltado

Ouvindo de perto um miar estridente.

Era o gato gordo que me encarava,

Seus olhos tornando-me a alma escrava

Do seu maligno ronronar crescente.

 

E então, entraram os seus donos velhos,

De pele seca, caindo-lhes cabelos.

"O nosso Erebus gostou do jovem"

Gritou a idosa numa voz cansada,

E pegou numa lâmina afiada.

Mais uma vez, as minhas pernas correm.

 

Não pensei muito, saltei da janela

Ferindo toda a minha pele de esguelha

E magoando as pernas gravemente.

Atrás de mim vi a filha dos velhos

De faca na mão, olhos amarelos,

Com apenas o meu fresco sangue em mente.

 

Fugi com toda a rapidez possível

Só ouvindo um coro irreconhecível

Perseguindo-me com sede de morte.

Acabei assim, perdido onde estou,

Neste negro bosque por onde vou

Tentando escapar à minha vil sorte.

 

Mas o que vejo no meu horizonte?

Vejo apenas um diminuto monte

E, sobre ele, a silhueta de um gato.

Estaquei horrorizado e sem palavras.

Não posso mais fugir às suas garras.

Basta aceitar o meu fim, ser sensato.

 

Só aí é que acordei finalmente,

Pois foi tudo um mau sonho, felizmente.

Acordei deitado numa banheira.

Quando ao meu lado vi um gato persa

Lambendo do meu estômago uma peça,

Desmaiei. A história... foi verdadeira?

 

Tiago Sousa

Entroncamento

Portugal
 

Inquebrantável


   Na exploração e integração das nossas ideias
   Debatemos os problemas capitais da vida
   Na esperança de penetrar os véus
   Que ocultam a face da natureza
   Portanto
   Uma consciência pré-reflexiva
   É um símbolo de aspiração espiritual
   Que na avaliação da verdade
   Demonstra que o nosso diálogo mais profundo
   É aquele que ocorre no silêncio do nosso ser...

 Rossano Di Concilio

Pelotas - RS

Insensatez 

Vou recorrer a quem?
Se o esforço não convém
Mesmo que eu já tenha achado
Não encontro mais ninguém

O problema é que sempre
Procuro alguma gente
Que ao certo nunca sente
E se torna indiferente

Meu desejo era gritar
Até a morte me levar
Mas com sorte fico aqui
Pra aprender a me matar

Quero que tudo morra logo
E se der que recomece
Que se não for produtivo
Não tem porque alguma prece

O motivo disso tudo
Não pode ser em vão
Algo tem de ser construído
E a única certeza é que não

Deixa eu te encontrar
Em algum outro lugar
Que não seja esperar
Que alguém vá lhe mostrar

Eu só quero que em mim
Algo novo me floresça
Pra não desejar que o fim
Seja mais que minha presença

Esqueça

Tudo ja recomeçou
E não foi só uma vez
Nesse campo de batalha
Já me transformei freguês

Insensatez!

Gê Guimarães

São Paulo - SP

E EU

Uma prece para espantar os maus presságios.
Uma gota de oceano para a noite sem sonhos.
Um novelo de fio de ouro 
para brilhar na escuridão da madrugada.
Um copo de angústia para os dias frios.
Uma certeza para a inconstância.
Mel para curar feridas.
Paz para os dias cinzas.
Um peito gigantesco para os soluços finos.
Um delicado camafeu para o pescoço da donzela.
Um deus do Olimpo para ordenar o Universo. 
Um caixão de cristal para sepultar mágoas. 
Uma espera por qualquer coisa que valha.
Um amuleto, um segredo, um alicerce,
Um descompasso, um desatino, uma dúvida.
Um amanhã!
E eu, folha ao vento...

Ana Cordeiro

Marília - SP

Velha Menina

 

Hoje fui em busca de minha árvore

Acolhedora

Eu, transgressora

Que empoleirava no seu galho

Mais robusto

À espera da calma de minha mãe

 

Avistava minha casa pequenina

Lá em baixo

Eu menina

Lá em cima

 

Encontrei minha gigante

Meio tronco meio cupim

Mas logo percebi

Que isso não era tão ruim

 

O tempo de travessuras se acabara

Minha mãe sucumbiu

Mas minha árvore renasceu no próprio ventre

E lindas orquídeas ela pariu

 

Entre flores, cipós e cupins

Mostra sua fecundidade

Tece vida tece encanto

Velha menina sem idade

 

Tornou-se agora linda lembrança

Nas flores que então gerou

Assim também  minha mãe

Em tudo dela que em mim ficou

 

Mariza Figueiredo Martins

Cabo Verde - MG

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Aurora da Manhã

 

Abrem-se as cortinas do céu
Sois esplendor

Meus olhos maravilham-me
Resplandece nas profundezas de minha alma álgida

Regozijo-me em teu abraço!

Presenteia aos mortais o que lhes é revelado
segredos que há muito guarda

Não te vás, não te apresses!
O júbilo que nos foi roubado!

Ainda que possa me aquecer
o tempo dissolve a chama mais brilhante
Mas de certo voltarás

Apazigua-me as tempestades 
Toma-me como teu
e seremos como um.

 


Cesar Andrade

Santos, SP

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