
Versos de Versos [Abril]
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Poesias são fragmentos da alma dos que as escrevem. Aceite o convite para conhecer alguns.
ECO
Para dar viga, colidem-se bacias ideológicas.
Mármore gelado, mudo, calado.
Esfria a angústia das fases heterogêneas e quebram-se pratos quentes de destrezas.
A nesga de esperança voando sofre um furto pelo surto da crise niilista, logo escapa o chão.
A blindagem, abalada pela pressão externa, é, sobretudo, corrompida pelo movimento implosivo.
Nesse movimento de dentro pra fora,
cavo-me; matura-se sobriedade.
Na máquina de esticar sentimentos, aponto nela projeções mal feitas.
Assim, a ressonância do ato fracassa enquanto potência.
Desdobro-me, entorto o espaço e absorvo o tempo.
Esbanjando tristeza, ostentando desgosto, súbito, derreto.
Fino como papel, de bruços, me alimento da cosmogonia negativa.
Reflexo do eco, espelho do eu, reverbera a batalha diária do sacrifício.
Luccas Assis
São Gonçalo - RJ
SÓLIDOS
No tempo das’águas, no em antes, do ano passado
andei quase a virar passarinho.
Um átimo da minha vocação
de borboleta ou morcego foi que faltou.
Desvoei!
Mas meu medo de menino,
medo ancestral da queda, amoleceu-me.
Desdesenhadas minhas asas tortas
recolhi as penas e a pena.
Despoetei-me!
Arrasto-me lagarto desde então.
Encaramujei minhas vontades
e liberdades receosas. Parado no ar
caindo de pedra e chumbo,
Gravitacionei!
Francisco Ferreira
Conceição do Mato Dentro - MG
DESESPERO
Os muros pálidos que me cercam são altos demais, inacessíveis como o silêncio que me escraviza.
E, no entanto, esse grito que calo como a vida, fere meu corpo nessa luta sem fim que me alimenta.
Do quarto sombrio onde vegeto
ouço risos e falas
ouço a vida que passa
sinto o cheiro do mar tão distante no tempo.
Pela fresta da janela
penetra um raio de sol
que agita partículas brilhantes pelo ar.
Há solidão em todos os cantos
na parede descascada pelo mofo
na formiga sem destino
na camisa pendurada na cadeira.
Uma solidão imensa
Profunda
Gelatinosa
Pesada
Dennis Ferreira de Araújo
Fortaleza – CE
PARABÉNS, POESIA
É tão triste a poesia e a vida
o que mais dizer se não sonhar.
É melhor sentir o momento,
disfarçar a vida, e tentar te amar.
Metade de mim é um poema triste
na falta de você que não quer me vê.
Sou um verso sem rimas e sem sentido
mais sou a poesia que te quer esquecer.
Sem rimas sou uma folha em branco
um texto feito no escuro na madrugada.
um conto de amor inacabado e rabiscado
sou um poeta triste vivendo na estrada.
Mais o que dizer se quando
eu chegar e ver lagrimas em seu olhar.
Vou dizer em versos lindos, parabéns poesia,
por tantas vezes de amor me fazer chorar.
Mesmo arrancando de mim
esse coração que sofreu maus de um amor.
Não esquecerei o que me fez sofrer assim,
mais, sua imagem será minha eterna dor.
Nillo Sergio
Petrópolis - RJ
BORBOLETA SEM ASA
... este vazio que busquei preencher chego à conclusão que ele e meu...
Mas só agora pude entender quanto cheia estou de amor, sou um rio querendo desaguar em um profundo oceano.
Sinto-me, te sinto no mais alto céu na imensidão.
Venha e preencha o meu âmago, envolva-me neste labirinto.
Novamente invada-me.
Preciso te sinto na divisão na essência do meu eu.
Suzana Ribeiro
Cascavel - PR
EXATIDÃO SINESTÉSICA
tem doze e tem onze...
onde tem doze,
tem doce de mel
que doze? que mel?
é o que me vem
ao sentir o número
doze, doce... de mel...
tem doze e tem onze...
onde tem onze,
tem mousse de mel
que onze? que mel?
é o que me vem
ao sentir o número
onze, mousse... de mel...
Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
São Gonçalo - RJ
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