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Felipe Campos

Histórias de terror para crianças e jovens

- do que você tem medo? –

     Eu costumo me apresentar como autor de histórias de terror para pequenos leitores. Também digo que gosto de assustar crianças (essa é a parte que algumas pessoas olham torto para mim). Afinal de contas, para que escrever um livro de terror se o objetivo não for assustar?

     Falar sobre terror voltado para crianças permite a entrada em um mundo fantástico cheio de perigos, dificuldades e obstáculos, mas também de personagens que são decididas e que descobrem a força dentro delas mesmas. E por que não, de leitores corajosos? O leitor escolhe o livro, certo? (ou seria o livro que escolhe o leitor?)

     Muitos pais acham que proibir este tipo de leitura é uma forma de proteger os filhos. Quantas vezes eu escutei que “existem outros livros melhores para ler”, mas quem sou eu para discutir com o pai ou com a mãe... Para o leitor que encontra livros que descrevem essas aventuras, é a chance de aprender lições de forma lúdica e estabelecer relações com o que está nas entrelinhas do texto. Os bons títulos não se preocupam com didatismo e, com todo o cuidado, abordam as histórias de forma divertida e não traumatizante. Perguntinha para os pais: será que seus filhos nunca encontrarão problemas ao longo da vida? Sabemos que a arte toca, muitas vezes, em temas delicados e que os livros ajudam, de alguma forma, a lidar com certas situações. Então por que muitas das pessoas com as quais tenho oportunidade de conversar nos eventos pensam que os livros de terror são algo menor?

     Não teria como falar de medo sem falar de coragem, falar de perigos sem ter uma maneira de enfrentá-los e destruí-los. Por maior que sejam os monstros, é praticamente uma regra em literatura infantil que o protagonista vencerá o mal no final da história.

   A literatura, não apenas a de terror, ajuda a criança ou o jovem (e também o adulto!) a solucionar problemas, se divertir, e ainda tem a vantagem de levar qualquer pessoa para diversos países, mundos e realidades. Confrontar-se com o medo de maneira segura através da literatura é um dos grandes prazeres que um leitor pode ter! E se, por acaso, a história estiver muuuuuuito assustadora, é só fechar o livro e partir para outra.

    Talvez o primeiro nome que venha à cabeça seja Neil Gaiman por causa de “Coraline” e “Os lobos dentro das paredes” - ambos lançados por aqui pela editora Rocco -, mas outros entram na lista para quem quiser pesquisar mais sobre o gênero: R.L. Stein, Tim Burton, Guillermo del Toro e Rosa Amanda Strausz. Tenho certeza de que um monte de gente ficou de fora! E além dos autores mencionados, lendas e contos de fadas também podem ser ótimas referências para quem quiser se aventurar pelos caminhos do medo.

Felipe Campos é especialista em literatura infantil e juvenil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), escritor e ilustrador de livros para crianças e jovens.

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Contato: Suzana Campos (suzana@junto.com.vc / 11 4171-0023 / 11 96335-3323