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A dimensão simbólica na literatura infantil

    Estudos da psicanálise indicam que os significados simbólicos trazidos nas narrativas destinadas às crianças estão ligados às questões existenciais e emocionais dos seres humanos. Por isso, os textos destinados ao público infantil funcionam como metáforas de situações da vida real, enfrentadas por todos nós. A divisão de personagens entre bons e maus, belos ou feios, heróis ou vilões, é apresentada ao imaginário infantil numa linguagem simbólica, auxiliando na difusão de valores necessários para o convívio em sociedade. Segundo a psicanálise, a criança geralmente se identifica com os personagens que representam o bem, (como os heróis), devido à sua necessidade consciente de proteção e segurança.

      Nos contos de fada ou contos maravilhosos, as idéias do bem e do mal, são apresentadas em pólos opostos: há o personagem completamente bom, que encarna a ideia de bondade e pureza, e o personagem completamente mau, perverso, indesejado. Esses personagens são colocados em pólos opostos, onde o bem sempre triunfa no final, muitas vezes com a ajuda de um elemento mágico (fada, bruxa, varinha de condão, animais falantes, etc).

      Isso ocorre para fazer com que seja possível para a criança diferenciar de forma clara as qualidades humanas boas e ruins, até que ela seja capaz de perceber que pode haver uma ambiguidade nas relações entre o bem e o mal, percebendo que esses elementos também fazem parte das relações humanas. No entanto, essas representações também podem trazer estereótipos que apresentam a ideia de bondade, beleza, feiura ou maldade ligadas sempre a determinados personagens, construindo, num primeiro momento, ideias estereotipadas sobre o que é ser belo, ser bom, ser feio, ser diferente.

    A bruxa é sempre a malvada, salvo exceções, e as idéias a ela ligadas terminam sendo simbolizadas também como ruins. Assim, a representação da bruxa como uma velha com verruga no nariz, como a madrasta má, indicam estereótipos sobre a ideia de maldade que são difundidos nos contos de fada. O mesmo ocorre com a ideia de beleza, quando se tende a ligá-la a determinados estereótipos do que é ser “belo”, disseminando certas idéias sobre beleza e feiura que terminam constituindo o imaginário infantil (o ogro é feio, a princesa é bonita). Daí a importância da mediação de um adulto, um professor que possa conduzir o olhar da criança a pensar nessas representações, contextualizando as histórias ali apresentadas.

      O papel do adulto deve ser, portanto, o de mediador para auxiliar na atribuição de sentidos às histórias, sem, no entanto, descartar a voz e as ideias dos pequenos leitores, auxiliando, desse modo, na compreensão dos sentidos a partir da leitura de textos verbais e imagens, tão importantes nos gêneros de literatura infantil.

[07/06/2017] Palmira Heine

www.palmiraheine.com.br

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