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JANEIRO

2017

UM NOVO ANO, UMA NOVA CASA E UM JARDIM

 

     O telefone no chão, o grito e o fim. 
    Não me recordo dos detalhes deste final de ano, somente que havia sido ruim em certos aspectos, mas fantástico em outros.
    Na TV  vejo a omissão dos humanos, que assistem um trabalhador ser espancado até a morte no metrô de São Paulo, fico a pensar, se estivesse lá, será que interviria, com meus 58 quilos de despreparo? A notícia no jornal seria mais ampla e trágica, pois certamente o faria, o que não me traz redenção, afinal, o telefone continua espatifado ao chão, cacos por todos os lados, mal sei se são os do aparelho ou os meus, eu, omissa.
    Faz dias que a chuva não clareia a janela suja do meu quarto, faz dias que não limpo a fachada da casa, talvez porque tô tão empoeirada por dentro que não vejo o qual está suja esta casa.
     Mas estou bem disposta, tenho em vista um emprego novo, até comprei as botas que tanto queria, pena que não dá pra usar, pois o calor está "famigerando" os corpos vivos na metrópole que não para, tenho visto anúncios para uma nova casa,  quero que tenha um grande jardim, eles são bacanas, rendem poesias e tardes calmas de outono. Uma casa pra refazer a vida, fazer memórias novas, esquecer os olhos de Paulo e limpar as janelas, todas elas, inclusive as da alma, e que tenha o principal, um enorme jardim.

 

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